A meta de relacionamento que você não deve ter.

Por Itana Lins

Dois anos após o fracasso do tão esperado Esquadrão Suicida, inúmeras pessoas continuam citando e relembrando o casal Arlequina e Coringa, por toda a internet é possível encontrar diversas menções ao poder do amor, a superação de qualquer adversidade através da força do amar. Se você é um desses admiradores, eis aqui uma verdade: 

Relacionamento abusivo não é pra se invejar!

Para aqueles que não sabem, um relacionamento abusivo consiste numa troca desigual de poder, onde, geralmente uma mulher, sofre diversas violências da física, passando pela sexual e psicológica, é extremamente controlada e perde boa parte do convívio social. Podemos ver essa descrição em uma das relações mais famosas do Mundo Nerd, apesar de possuir várias fases nos quadrinhos, a mais atual história, desenvolvida também no filme, mostra vagamente como a Dra. Harley Quinn, psiquiatra do famoso asilo para mentalmente insanos de Gotham City, se encanta pelo passado sofrido do Coringa, acaba apaixonada por ele e torna-se sua comparsa nos crimes. Sendo sua transformação na dita Arlequina, a tão famosa cena retratada em Esquadrão Suicida onde é jogada em ácido pelo Coringa para provar seu amor. Numa tentativa de romantização do momento, no filme o vilão também se joga para salvá-la. (Assista a cena abaixo)

A imagem fofa passada pelo filme, apesar de retratar escondendo o quão abusiva é a relação dos personagens, não deve ser considerada, pois a realidade das HQ’S e até da animação de forma mais “cômica”, é um relacionamento onde a Arlequina é subjugada, humilhada e agredida sempre que o Coringa se irrita ou simplesmente quer se divertir. Assim como diversas, mulheres que vivem esse tipo de relacionamento, o objetivo da personagem é ajudar e agradar o parceiro, fazendo suas vontades e aceitando os abusos, pois aquela teia de manipulação a faz acreditar que vive um grande amor que tudo crê, tudo espera e tudo supera.

Mais uma vez, podemos ver como a vida na ficção, algumas personagens, como a Hera Venenosa e a Mulher Gato, tentam mostrar o quão maléfica é aquela relação para a Arlequina, porém o ciclo de um relacionamento abusivo também passa pelo momento das flores, presentes, desculpas e pedidos de tempo para mudanças que duram pouco até o retorno das violências.

O ponto alto da história da Arlequina e do Coringa é o tão esperado fim, onde, recentemente, a personagem consegue perceber todo o abuso que sofreu e diante da instabilidade psicológica e emocional dela, isso acontece numa cena, onde ela agride e ameaça o vilão. Nem todas somos Arlequinas, nem vivemos em um mundo fictício aonde a superação vem através da vingança, o sofrimento é diário e a percepção de estar em um relacionamento abusivo é demorada, a saída dessa realidade é difícil, mas é possível, se você vive uma relação abusiva, procure apoio e ajuda de amigos e familiares e se necessário dirija-se a Delegacia da Mulher mais próxima e utilize o 180, a Central de Atendimento à Mulher, ambos funcionam todos os dias da semana e 24 horas por dia. 

Não se contente com menos do que pode ter, você é forte e o mundo é seu!